A discussão em
torno do tema sustentabilidade nunca esteve tanto em alta, entretanto é
importante conhecermos o real significado desta palavra. A definição de
sustentabilidade surge em 1987 com o relatório de Bruntdtland, como o
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades”
(Organização das Nações Unidas, Comissão Brundtland, 1987).
Entretanto o termo
sustentabilidade está em constante evolução, e a Organização das Nações Unidas
define ainda o tripé da sustentabilidade, que, para ser sustentável deve ser:
economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto, quando
conseguimos equilibrar essas três esferas, temos o que podemos denominar de Sustentabilidade.
Mas o que isso tem
haver com a construção civil? Tem tudo haver!
A inserção de
conceitos e princípios da sustentabilidade se faz necessário e urgente na
construção civil, é necessário difundir o conceito de arquitetura ecológica,
que Ennio Cruz da Costa, em seu Livro
Arquitetura Ecológica, define-a como: “a
arte de construir habitações aproveitando, na luta contra o desconforto criado
pelo meio, utilizando apenas os recursos imediatos propiciados pela própria
natureza, sem alterar o equilíbrio ecológico do mesmo”.
Com
a globalização, a abundância do petróleo e o custo irrisório da energia a
arquitetura foi deixando muitas vezes de lado alguns princípios da
sustentabilidade, da construção orgânica e ecológica, deixando de se preocupar
com conceitos como: conforto térmico, iluminação natural, conforto acústico
etc. Passou-se então a adotar sistemas artificiais para suprir essas
necessidades, como ar condicionado, sistema de aquecimento, uso excessivo e
constante de iluminação artificial. O mundo atual precisa de profissionais que
integrem arquitetura, ecologia e engenharia. Profissionais que projetem
edifícios passivos, ou seja, que usem o mínimo de energia e que a energia que
utilizem provenha de fontes renováveis. Devemos ver que esse é o único caminho
daqui para frente!
O novo milênio traz
consigo grandes preocupações com o nosso planeta. O efeito estufa, a crise
energética, a emissão de CO2, a escassez de
combustíveis fosseis, e a racionalização da água. As mudanças climáticas nos
anos 80 faz com que o mundo passe a se preocupar com o meio ambiente. As taxas
de redução da camada de ozônio, o aumento dos gases que geram o efeito estufa,
tornam-se aparentes. Os anos 90 registraram as maiores temperaturas, sendo a
década mais quente até então registrada.
Essa nova realidade
que se configura faz com que se torne necessário e imediato, ações na indústria
da construção civil para auxiliar nas reduções dos impactos ambientais e
sociais.
E é a partir da crise do Petróleo de 1973 que
voltam-se os olhares para a construção civil e percebe-se a necessidade de
discutir de uma arquitetura sustentável e autossuficiente, assim como o uso de
fontes alternativas de energia, surge então o que chamamos de Arquitetura
Bioclimática, que consiste em pensar o espaço, utilizando ao máximo os recursos
disponíveis pela natureza, como o sol, a chuva, as vegetações etc, que anos
mais tarde, somado a questões ambientais e econômicas passa a ser denominado
arquitetura sustentável.
A população urbana
cresce cerca de 60 milhões de pessoas por ano, já passamos de 7 bilhões de
habitantes no planeta, e já somos um mundo mais urbano do que rural. As cidades
estão cada vez mais inchadas, e as áreas verdes das cidades vão sendo
comprimidas pela “necessidade” de urbanização das mesmas. Os sistemas naturais
que agem como equilíbrio do espaço urbano estão dando espaço a ocupação
desorganizada. Esse cenário estimula ainda mais a discussão presente e
constante sobre cidades e cosntruções sustentáveis, que em sua essência devem
cumprir o que conceituamos no início: satisfazer suas próprias necessidades sem
prejudicar as gerações futuras a satisfazerem as suas. Mas ganha ainda mais um
desafio: minimizar o impacto causado por décadas de ocupação desordenada,
poluição e destruição do meio ambiente.
Esse breve panorama
deve servir de estímulo, incentivo para pensarmos um mundo mais justo uma
sociedade equilibrada e uma arquitetura ecológica.
* Adriane Savi é arquiteta da Tellus Arquitetura, especializada em construções sustentáveis. Escreve mensalmente para o jornal Folha Condomínios. Quer saber mais sobre o trabalho da arquiteta? Acesse http://tellus.arq.br/
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